Como bem lembrou o Rodrigo Borges, o Brasil é a terceira seleção a jogar uma Copa do Mundo em casa depois de ter sido campeã em edições anteriores. Até aqui, duas perderam nas semifinais (Itália-90 e Alemanha-2006) e uma venceu (Alemanha-1974). Se as grandes potências já são favoritas em qualquer Mundial, isso, claro, se intensifica quando são sedes do torneio.
Em condições normais de pressão e temperatura, Brasil x Alemanha sempre será um duelo de difícil prognóstico. Mesmo que o Brasil estivesse exibindo em campo algo minimamente próximo da final contra a Espanha na Copa das Confederações, ainda assim seria impossível cravar a vaga na decisão do dia 13 de julho. Esse equilíbrio se tornou ainda mais evidente nessa Copa, marcada por um equilíbrio técnico que tornou a competição deliciosa aos olhos do mundo.
Por uma trave nos acréscimos da prorrogação, o Brasil quase saiu nas oitavas contra o Chile. A Alemanha teve que parir uma bigorna para vencer a Argélia, em duelo que também só decidido após o tempo regulamentar. Ambas as seleções oscilaram na fase de grupos, mas bateram na porta das semifinais em situações distintas. Após vencer a Colômbia e jogar sua melhor partida na Copa, o Brasil terá que buscar uma alternativa a Neymar. A Alemanha, por sua vez, trilha um caminho bastante regular. Eficiente, mas sem muito encanto, à exceção da goleada na estreia contra Portugal.
Sem o camisa 10, Felipão poderá, inclusive, adotar uma estratégia diferente, o que era impensável até então: jogar no contra-ataque. Não é ser covarde, mas simplesmente esperar que a Alemanha tome a iniciativa. Sem o craque à disposição, talvez seja hora de explorar os erros Joachim Low, mesmo que seja necessário ignorar os apelos que virão da arquibancada. Nunca foi a tradição do Brasil, mas copiar a frieza germânica pode ser o caminho que leve a seleção ao Maracanã.Ainda que perca, podemos abandonar o rótulo de fracasso. Estar entre os quatro maiores em uma Copa do Mundo disputada palmo a palmo já é o suficiente para respeitar a campanha da Seleção Brasileira. Uma campanha sem futebol-arte, mas disputada com seriedade. Os jogadores vão a campo com a missão de jogar por Neymar. O treinador parte agora para provar ao mundo que tem uma equipe, e não apenas um gênio em mãos. Um desafio enorme, repleto de adversidades. Exatamente como Felipão gosta.
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