A ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton virou assunto com o lançamento de Hard choices (Escolhas difíceis, em livre tradução), um livro de memórias sobre o período em que esteve à frente da política externa do governo de Barack Obama (entre 2008 e 2013). Muitos apostam que a obra é uma preparação para sua candidatura às próximas eleições, apesar de Hillary afirmar, no livro e em entrevistas, que só tomará uma decisão sobre entrar na corrida presidencial no início de 2015. Até lá, pretende manter os holofotes sobre o livro, com palestras e entrevistas agendadas até o final do ano. Na semana de lançamento, a exposição não foi nada sutil. Um capítulo do livro foi publicado na prestigiada revista on-line Politico, Hillary foi reportagem de capa da popular People e concedeu entrevistas para os principais canais de TV americanos, como ABC e CNN. O trabalho de Hillary para administrar sua imagem enquanto divulga o livro procura ser coerente com a postura que ela descreve nas páginas: uma mulher experiente e bem informada, com todas as condições de fazer as escolhas e tomar as decisões que seu país demanda, na política externa e em questões de segurança.
O livro de Hillary não discorre sobre ideias ou teorias de diplomacia e política. Ao contrário. É cheio de casos. Ela conta de forma prática como se deram negociações espinhosas como as que decidiram as ações americanas na Primavera Árabe e na Guerra da Síria. Hillary conta que foi contra a decisão de Obama de armar os rebeldes moderados contra o governo do presidente Bashar al-Assad. Ela e a Casa Branca também discordavam sobre o líder russoVladimir Putin. “Com ele, a Rússia está congelada entre um passado que não consegue deixar para trás e um futuro que não conseguem sozinhos abraçar”, escreve.
Marcar posição contra pode ser visto como uma característica valorosa para o líder político de um país. Ao abrir e justificar suas (diferentes) perspectivas, Hillary sugere que o legado de seu mandato como secretária de Estado é a reorientação da política externa americana para o século XXI.
Por não fazer grandes revelações e não aprofundar pontos polêmicos, como a espionagem cibernética da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), Hard choices foi considerado “chato” por alguns críticos. Outros ressaltaram que as memórias vão além da política e mostram uma Hillary mais suave e humana. Esse lado aparece nas assinaturas dos e-mails que ela trocou com a equipe, durante uma negociação com a China, no período em que organizou o casamento da filha, Chelsea Clinton: “M.O.T.B.”. Significa Mother of The Bride (mãe da noiva, em português). Ou no episódio em que esteve no casamento de uma das melhores amigas de Chelsea, na véspera da ação americana no Paquistão que acabou com a morte de Osama bin Laden. “Os convidados perguntavam se eu acreditava que algum dia pegaríamos Bin Laden.”
Entre a mulher forte e determinada e a que tem uma filha para criar e enfrenta problemas de orçamento familiar (ela conta que os Clintons deixaram a Casa Branca falidos), o tom é sempre contido. Isso talvez seja explicado pelo machismo que enfrentou ao longo de sua carreira política e, especialmente, em sua campanha para candidata à Presidência. Para alguns críticos, Hillary não tem alternativa a não ser segurar as emoções, já que normalmente suas fragilidades são usadas contra ela. Um exemplo é a ocasião em que chorou em público, numa das convenções democratas de 2008, e foi atacada pela imprensa e por políticos conservadores. Aquela imagem emotiva se opunha de forma tão chocante à fama de durona calculista – cunhada desde que perdoara o adultério de seu marido e então presidente dos EUA, Bill Clinton – que a chamaram de dissimulada. Hillary fala abertamente sobre como o sexismo a afeta até hoje. Não por acaso, dedica os últimos capítulos do livro a explicar como seu trabalho se relaciona com seus esforços de ações positivas que envolvem dar poder às mulheres. No capítulo sobre a América Latina, surgem elogios à presidente Dilma Rousseff, a quem ela chama de “líder formidável”.
Por causa do lançamento do livro, Hillary falou pela primeira vez, desde o escândalo, sobre Monica Lewinsky, a estagiária com quem Clinton teve um caso. Ela afirma que a história é página virada. Lewinsky voltou à cena neste ano, com um artigo publicado na revista americana Vanity Fair, em que conta as consequências do caso que teve com Clinton em sua vida profissional. Hillary diz que ignorou o artigo e que Monica não é algo em que ela pense demais. “Todo mundo precisa olhar para o futuro”, diz ela.
Por não fazer grandes revelações e não aprofundar pontos polêmicos, como a espionagem cibernética da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), Hard choices foi considerado “chato” por alguns críticos. Outros ressaltaram que as memórias vão além da política e mostram uma Hillary mais suave e humana. Esse lado aparece nas assinaturas dos e-mails que ela trocou com a equipe, durante uma negociação com a China, no período em que organizou o casamento da filha, Chelsea Clinton: “M.O.T.B.”. Significa Mother of The Bride (mãe da noiva, em português). Ou no episódio em que esteve no casamento de uma das melhores amigas de Chelsea, na véspera da ação americana no Paquistão que acabou com a morte de Osama bin Laden. “Os convidados perguntavam se eu acreditava que algum dia pegaríamos Bin Laden.”
Entre a mulher forte e determinada e a que tem uma filha para criar e enfrenta problemas de orçamento familiar (ela conta que os Clintons deixaram a Casa Branca falidos), o tom é sempre contido. Isso talvez seja explicado pelo machismo que enfrentou ao longo de sua carreira política e, especialmente, em sua campanha para candidata à Presidência. Para alguns críticos, Hillary não tem alternativa a não ser segurar as emoções, já que normalmente suas fragilidades são usadas contra ela. Um exemplo é a ocasião em que chorou em público, numa das convenções democratas de 2008, e foi atacada pela imprensa e por políticos conservadores. Aquela imagem emotiva se opunha de forma tão chocante à fama de durona calculista – cunhada desde que perdoara o adultério de seu marido e então presidente dos EUA, Bill Clinton – que a chamaram de dissimulada. Hillary fala abertamente sobre como o sexismo a afeta até hoje. Não por acaso, dedica os últimos capítulos do livro a explicar como seu trabalho se relaciona com seus esforços de ações positivas que envolvem dar poder às mulheres. No capítulo sobre a América Latina, surgem elogios à presidente Dilma Rousseff, a quem ela chama de “líder formidável”.
Por causa do lançamento do livro, Hillary falou pela primeira vez, desde o escândalo, sobre Monica Lewinsky, a estagiária com quem Clinton teve um caso. Ela afirma que a história é página virada. Lewinsky voltou à cena neste ano, com um artigo publicado na revista americana Vanity Fair, em que conta as consequências do caso que teve com Clinton em sua vida profissional. Hillary diz que ignorou o artigo e que Monica não é algo em que ela pense demais. “Todo mundo precisa olhar para o futuro”, diz ela.
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