A partir de hoje, 467 funcionários da unidade da GM em São Caetano terão licença remunerada por tempo indeterminado. Com isso, o número de empregados afastados na fábrica em razão da queda nas vendas de veículos chega a 1.286, já que outros 819 estão em lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho) desde novembro.
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes, diz ter sido comunicado ontem sobre a decisão da montadora. “É uma medida para evitar demissões. A empresa quer ver se, assim, consegue adequar a produção.” Apesar de considerar que a solução encontrada pela empresa é favorável, devido à manutenção dos empregos, o sindicalista reconhece que há clima de apreensão entre os operários. “Nossa preocupação é de que agora aumentou o pessoal que está fora. O futuro é incerto, porque eles não têm a garantia de que vão voltar”, lamenta. Na licença remunerada, os colaboradores continuarão recebendo salário normalmente, e não terão descontos no banco de horas. O sistema é diferente do lay-off, no qual parte do salário (R$ 1.385,91, no máximo) é paga pelo governo federal, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), e outra parcela é depositada pelo empregador, mas não necessariamente de maneira a compor 100% dos vencimentos. Para receber, entretanto, o funcionário em lay-off tem de participar de curso de atualização profissional. O de licença não precisa.
Quando o lay-off foi anunciado para a planta de São Caetano, em novembro, a previsão era de que os empregados voltassem ao trabalho em abril. Entretanto, diante da continuidade do cenário negativo para o mercado automobilístico, a montadora optou por renovar as suspensões nos contratos por mais três meses, até julho.
Amanhã, sindicalistas participarão de reunião com representantes da empresa para exposição da situação econômica da companhia e discussão de novas medidas para adequação da produção à queda nas vendas. Uma das expectativas é de que seja anunciada nova abertura de PDV (Programa de Demissões Voluntárias). Desde o início do ano já foram disponibilizados dois programas do tipo, mas, ao todo, houve apenas 49 adesões.
VOLKSWAGEN - Conforme o Diário antecipou no dia 10 de abril, a Volkswagen concedeu, desde ontem, férias a cerca de 8.000 trabalhadores da produção até o dia 14. A medida também tem como objetivo diminuir os estoques. O PDV encerrado pela montadora em abril atraiu cerca de 800 pessoas.
A estimativa do setor é de que as vendas neste ano tenham queda de 13,2% em relação a 2014. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no primeiro trimestre o mercado interno teve retração aproximada de 17%.
As empresas buscam junto ao governo federal novos mecanismos de proteção ao emprego, como o projeto que prevê a possibilidade de redução da jornada de trabalho – e consequentemente de salários – em momentos de crise.
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