Rumores de que Silvio Santos vinha sugerindo uma união entre as emissoras de televisão abertas já corriam pelo mercado. O objetivo do apresentador de tevê e dono do SBT seria buscar formas de aumentar a receita desses negócios e enfrentar melhor a dominação da líder Rede Globo no mercado. Desde que, em junho deste ano, o homem do baú se encontrou com o pastor Edir Macedo, dono da Record, durante a inauguração do megaempreendimento religioso Templo de Salomão, em São Paulo, a aproximação entre as duas maiores rivais da Globo se intensificou.
Silvio Santos teria até sugerido unir os departamentos comerciais de SBT, Record, Rede TV e Bandeirantes para negociar contratos publicitários mais polpudos e que representassem melhor a participação dessas empresas na atração dos telespectadores. A indignação de Santos é ver a Globo conseguir 75% da receita com publicidade em tevê aberta ao registrar 42% da audiência. Mas uma iniciativa mais realista está mais próxima de ver ir ao ar. Está em avaliação, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), um pedido para a criação de uma joint venture que envolve não só o SBT e a Record, mas também a Rede TV, controlada por Amilcare Dallevo Jr..
A operação, segundo documento enviado ao órgão antitruste, serviria para “atuar no licenciamento de canais de programação para prestadoras de serviços de tevê por assinatura”. Isso significa a formação de uma companhia, com sócios com participações iguais, para negociar o licenciamento dos seus canais com as operadoras pagas, como Net e Sky, e com plataformas on-demand, como o site Netflix. A Globo já cobra das operadoras por assinatura a liberação do seu sinal.
A expectativa da joint venture é ampliar em R$ 360 milhões o faturamento das associadas. Se os planos derem certo, o custo de um pacote por assinatura deverá aumentar em R$ 5 para o consumidor. Segundo a ideia de Santos, o poder de barganha das emissoras aumentará frente a Net e Sky, que juntas possuem mais de 80% dos assinantes de tevê paga. A joint venture, no entanto, não se restringiria a fazer frente às duas e à Globo.
No futuro, a nova companhia poderá “atuar na produção de conteúdo audiovisual distinto daquele ofertado pelas requerentes em tevê aberta”, informa o documento apresentado ao Cade. A superintendência-geral do órgão aprovou a abertura da empresa, no dia 1 de outubro, mas a Sky, a Claro (dona da Net) e a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) apresentaram recurso duas semanas depois, pedindo a revisão da decisão. Agora, o Cade deve dar um novo parecer até o dia 27 de fevereiro de 2016. Procuradas, as emissoras não quiseram se pronunciar.
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