A reforma da Previdência Social é o principal desafio da política fiscal, disse a presidente Dilma Rousseff no discurso de abertura do ano legislativo. "No ano passado, a Previdência representou 44% do gasto primário", disse. "Mantidas as regras atuais de aposentadoria, esse percentual tende a aumentar exponencialmente. Em 2050, a população acima de 65 anos será três vezes maior". Igualar a idade mínima de aposentadoria de homens e mulheres é uma das alternativas em estudo pelo governo. Mulheres podem se aposentar por idade aos 60 anos, cinco anos antes dos homens. A assembleia constituinte que redigiu a Constituição de 1988 justificou os cinco anos de diferença - uma exceção ao princípio de isonomia de direitos e deveres - como um reconhecimento à dupla jornada de trabalhar na rua e cuidar da casa.
A diferença entre o papel desempenhado por homens e mulheres diminuiu, nas últimas três décadas, e tende a diminuir nas próximas. É discutível, porém, se tal mudança já justifica a igualdade de tratamento. A Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), do IBGE, mostra que as mulheres gastam 24 horas da semana cuidando de afazeres domésticos (já os homens, 9,7 horas). Se a jornada de trabalho dela fora de casa é 40 horas semanais, somando tudo, no fim do mês, a mulher trabalhou 256 horas - os homens, menos de 200 horas. A partir do momento que as tarefas do lar forem divididas em igualdade entre homens e mulheres, o tempo de aposentadoria poderia ser igualado naturalmente. O principal argumento a favor da igualdade, hoje, é financeiro. As mulheres custam mais à Previdência porque, além de se aposentar mais cedo, vivem por mais tempo. Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileira é de 72,6 anos e a do brasileiro, de 64,8.
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