A disputa entre a Volkswagen e o Grupo Prevent, companhia que detém o controle de uma série de empresas de autopeças, tomou proporções globais. Na segunda-feira, 21, a montadora interrompeu a produção em seis de suas 10 fábricas na Alemanha por causa de problemas no fornecimento de componentes da CarTrim, que faz revestimentos para bancos, e da ES Automobilguss, responsável pela produção de autopeças de aço para caixa de câmbio - ambas empresas pertencentes ao conglomerado da Prevent.
A parada durou cerca de 20 horas e afetou a montagem do Golf e Passat, além de motores, transmissões e sistemas de emissões. A montadora calcula que a interrupção causau impacto em 500 fornecedores da cadeia produtiva, que também tiveram de reduzir o ritmo. Cerca de 28 mil trabalhadores das fábricas de veículos foram afetados pela paralisação.
As fabricantes do Grupo Prevent teriam suspendido as entregas em retaliação à pressão excessiva da Volkswagen sobre seus fornecedores. O fornecedor acusou a fabricante de veículos de tentar compensar nas negociações com os parceiros da cadeia de autopeças o prejuízo acumulado com o dieselgate, escândalo provocado pela fraude no controle de emissões de 11 milhões de motores da Volkswagen vendidos globalmente.
Por outro lado, analistas de mercado avaliam como arriscado o movimento do Grupo Prevent de interromper o fornecimento. A iniciativa pode custar caro ao fornecedor no futuro, que corre o risco de não fechar novos contratos com a companhia e até mesmo com outras fabricantes de veículos.
O relacionamento entre o Grupo Prevent e a montadora alemã é antigo, com mais de 40 anos. O fornecedor tem origem familiar e foi fundado pelo bósnio Nijaz Hastor, que deixou o controle da companhia recentemente. Com isso, o comando da empresa passou para as mãos dos herdeiros Kenan Hastor e Damir Hastor. Eles teriam um estilo de gestão mais agressivo e investiram na compra de uma série de outras empresas para consolidar o grupo.
PRODUÇÃO RETOMADA
O problema na produção alemã aparentemente foi resolvido na manhã da terça-feira, 23, após as negociações entre a Volkswagen e o Grupo Prevent avançarem madrugada adentro. A montadora anunciou que a produção nas fábricas paradas será retomada gradativamente, já que o fornecedor concordou em voltar a entregar componentes. As duas empresas confirmaram ter chegado a um acordo, mas preferiram não divulgar os detalhes.
PROBLEMA CONTINUA NO BRASIL
Diferentemente do que aconteceu na Alemanha, a operação brasileira da Volkswagen segue sem entendimento com o Grupo Prevent, que desde março 2015 descumpre o cronograma entregas à montadora. As empresas fecharam 11 acordos comerciais neste período, todos eles desfeitos pela fornecedora.
A estimativa é de que o problema tenha causado 140 dias de paralisações na produção de veículos se consideradas as três fábricas da empresa alemã no Brasil: São Bernardo (SP), São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP). A interrupção nas entregas forçou a Volkswagen a antecipar para agosto as férias coletivas que normalmente aconteceriam em outubro, impactando 18 mil funcionários.
A Volkswagen calcula que a instabilidade na produção afete as 600 concessionárias de sua rede e 600 fornecedores da cadeia produtiva. Com isso, a empresa lembra que 100 mil empregos correm risco por causa do problema.
fonte:http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/24498/grupo-prevent-vira-problema-global-da-volkswagen
Comentários