Antes do jogo contra o Flamengo, no Maracanã, parte da torcida do Corinthians presente no estádio se envolveu em uma briga com a polícia militar do Rio de Janeiro e, por isso, 31 pessoas foram detidas e presas, após o empate em 2 a 2. Para Carlos Cereto, as medidas de punição adotadas até agora se mostraram ineficazes no combate à violência e o poder público deveria passar a punir o clube pelo qual essas pessoas torcem. O jornalista ainda criticou a nota oficial publicada pelo Corinthians sobre o caso e o comportamento "protetor" da diretoria com os torcedores brigões (assista ao vídeo).
- Até outro dia, o diretor de futebol do Corinthians era assessor de imprensa da principal torcida organizada do clube. Isso dá para ter uma ideia de como a torcida organizada manda no Corinthians. E é esse mesmo clube que pagou advogados para tirar os bandidos que mataram o torcedor boliviano em Oruro. Aliás, mesmos torcedores que foram identificados na briga em Brasília, no jogo contra o Vasco. São recorrentes, são sempre os mesmos que estão nas brigas e as mesmas cenas que afastam o torcedor do bem do estádio - disse Carlos Cereto, antes de completar.
- Esses caras têm que sair do futebol e estou convencido de que, enquanto os clubes não forem punidos por causa da briga da torcida uniformizada, nada vai acontecer. Então, por exemplo, se o Corinthians fosse punido com a perda de três pontos ou até eliminado do campeonato por causa da briga de ontem, aí o clube iria fazer alguma coisa para se defender da própria torcida organizada. É algo que diz respeito à segurança pública, à sociedade brasileira, mas diz respeito também ao relacionamento umbilical e promíscuo que os clubes têm com as torcidas organizadas. E, no caso do Corinthians, isso é histórico.
Carlos Cereto acredita que a adoção de torcida única nos clássicos regionais tem se mostrado ineficaz no combate à violência no futebol. O jornalista lembra que no Corinthians x Palmeiras do segundo turno do Campeonato Brasileiro, onde só havia alvinegros em Itaquera, os torcedores organizados também brigaram com a polícia militar. O comentarista lamenta que, no caso do Timão, as atitudes da diretoria atrapalhem o poder público a investigar e punir os torcedores envolvidos em brigas e confusões.
- No Corinthians x Palmeiras em Itaquera, com torcida única, e a organizada do Corinthians brigou com a polícia. Então, a gente imagina que as pessoas envolvidas nesse tipo de violência tem gigantesca probabilidade de fazer outros crimes pelos estádios do Brasil. Essas informações devem ser cruzadas pela promotoria, pela polícia e a gente gostaria que os clubes ajudassem. Porque no caso da invasão ao CT do Corinthians sumiram as câmeras de segurança e a polícia teve muita dificuldade em investigar o caso - comentou Cereto.
Torcedores do Corinthians detidos no Maracanã após empate com o Flamengo (Foto: Reprodução SporTV)
Apresentador do Redação SporTV, André Rizek explicou que a ligação da diretoria do Corinthians com as torcidas organizadas já é algo histórico, porém, aumentou após um voto mais "democrático" no clube.
- O que foi comemorado como um gol da democracia, com voto de qualquer sócio elege presidente, na verdade, se tornou um problema. Porque as organizadas compraram muitos títulos de sócio e, hoje, elas elegem presidente do clube. Então, as direções são muito coniventes com as organizadas. E, no caso dessa administração do Corinthians, que está lá há muitos anos, é um grupo que tem ligação íntima com a torcida organizada - concluiu Rizek.
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